sábado, 19 de fevereiro de 2011

P219: DULOMBI-BAFATÁ (5.ª PARTE) - RICARDO LEMOS

Porto fluvial de Bafatá, construído com vários terraços horizontais desnivelados, para poder funcionar em qualquer época do ano, consoante as cheias. (Foto de 1971)
 
Depois de um saboroso e repasto almoço, nada melhor que uma pescaria no rio Geba. Na Companhia 2700, parece-me que era eu o único aficionado da pesca. Reparem na cana: bem arqueada com 3 peixes na linha. No chão, uma lata com o isco e uma saca avermelhada já com alguns exemplares. O tempo não era muito e havia que aproveitá-lo. Depois, já em Dulombi, a pescaria era preparada na forma de deliciosos petiscos. Ao fundo, as "barcaças" de transporte de mercadorias usadas no rio Geba.
Foto de 2009
Não é que eu tenho seguidores? No mesmo cais, dois amigos interrompem a pescaria para posar.
E depois da pescaria, nada melhor do que descansar um pouco no jardim, perto do Geba, e posar para mais tarde recordar…
Foto de 1971
Na margem do rio Geba, estendia-se um belo jardim com um parque infantil, donde sobressaía um monumento colonial, com uma vistosa estátua em bronze, situado no parque infantil. Por imagens recentes, verifica-se que este bonito parque está completamente destruído. Dos baloiços que se visualizam no lado direito da imagem, só restam os apoios.
                                      A estátua de bronze homenageava o Primeiro-Tenente João de Oliveira Muzanty, que foi Governador da Guiné, entre 13/8/1906 e 29/6/1909. (os nossos agradecimentos ao Fernando Gouveia, camarada da "Tabanca Grande", pelo esclarecimento)
….por imagens recentes, (2009), este bonito parque está completamente destruído. Do monumento, só resta o pedestal.
Vista geral do jardim e do parque infantil, situado perto do Geba. Foto de 2006.

Depois há que fazer umas compras no mercado da cidade...
Foto do mercado de Bafatá, em 1971.
Situado à esquerda do jardim, erguia-se o mercado, construído em estilo mudéjar, caracterizado por ornatos de linhas rectas e entrelaçadas, e onde se vendiam, aos montinhos, os mais diversos produtos agrícolas. À porta do mercado, homens sentados no chão jogavam sossegadamente o wari.  

 Foto do mercado de Bafatá, em 1971.
Na Guiné-Bissau é fácil ver crianças, homens e mulheres acocorados no chão, ou sentados em pequenos banquinhos para mudar bolinhas entre buraquinhos cavados num pedaço de madeira. Estão a jogar wari, um jogo antiquíssimo! Imaginem que foram descobertos exemplares em pedra que remontam de 1500 a 1400 anos a.C., isto é, 3500 anos atrás! Ufa!!! A brincadeira é conhecida em toda África, mesmo que tenha nomes diferentes nos diversos países do continente. Pode-se usar qualquer objecto: ervilhas, sementes ou pedras, nos buracos escavados em pedaços de madeira, na pedra ou na própria terra. As peças mais usadas, no entanto, são as sementes. Por isso, o jogo é mais conhecido por “semeia e colhe”.
Também era necessário comprar no mercado local, legumes, saladas, alfaces, tomates, fruta, etc., pois, em Dulombi, as refeições eram à base de liofilizados, e as vitaminas eram essenciais para uma boa alimentação. Uma boa salada de alface e tomate, era uma delícia, quando chegávamos a Dulombi.
            Só que, reparem, os tomates eram minúsculos… Era o que havia!
            Escudo para lá, escudo para cá, lá íamos regateando o preço…como ainda hoje se faz em muitas feiras…
            Isto em 1971…E nos dias de hoje, o mercado ainda funcionará assim?
As compras no mercado de Bafatá eram imprescindíveis, nomeadamente quando se tratava de comprar pequenas lembranças para guardar aquando do regresso à Metrópole. Estátuas em madeira exótica, colares e outros “roncos” diversos, tapetes, lenços multicolores, artigos chineses, etc., etc., de tudo se vendia um pouco, em bancas improvisadas. Agora, não sei onde arranjei tal chapéu!
Mercado Municipal de Bafatá. Dia de feira, foto de 2006.
            Artesãos, na vida quotidiana de Bafatá, foto de 1971.
Bem, amigos, também a parte religiosa não foi esquecida. Vamos, então, recordar os dois monumentos mais emblemáticos da cidade de Bafatá.

Aspecto da belíssima Mesquita de Bafatá, de tijolos rendilhados pintados de branco. Foto de 1971.

A Igreja. Foto de 1971.
  A Igreja, nos dias de hoje. Foto de 2009.

E para terminar a visita a Bafatá, no longínquo ano de 1971, o desporto.
Aspecto da Sede do SPORTING CLUB BAFATÁ, em 1971
                    Já depois da independência, foram campeões nacionais de futebol da 1ª divisão em 1987 e recentemente em 2007/2008.
                   Será que ainda se mantém esta fachada?

Está na hora do regresso a Dulombi. Os Unimogs, já estão carregados. O reabastecimento está concluído.
Militares e mercadoria esperam pela ordem de marcha. O que é que estará na caixa do Unimog? A mim parece-me pipos de vinho, entre outra mercadoria. Pois, o vinho não podia faltar… Seria tinto ou branco? Verde ou maduro? Da uva ou feito “a martelo”? Vamos lá responder a esta questão!
Outro tema interessante seria identificar os elementos presentes na viatura. Vamos tentar?
Terminamos a viagem virtual DULOMBI-BAFATÁ.
Espero que tenham gostado de recordar o remoto tempo destas viagens, que serviam de escape ao isolamento a que estávamos sujeitos em Dulombi.

Ricardo Lemos.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

P217: O NOSSO CAPELÃO - ANTÓNIO TAVARES (CCS)

A maioria dos ex-combatentes das guerras coloniais foi educada num enquadramento católico. Assim, conheceram muitos padres…os da aldeia de seus pais, das suas freguesias de nascimento e de residência, da disciplina de Religião e Moral e o capelão dos batalhões …todos irmanados na doutrina cristã mas diferentes na sua aplicação. O nosso Alferes Miliciano Capelão (na foto) era um Bom Homem da Igreja Católica Romana, preocupado com todos os combatentes independentemente da cor e religião de cada um. Recebia todos e dava conselhos para ajudar da melhor maneira possível a ultrapassar os diversos obstáculos que apareciam a jovens obrigados, inclusive ele, a uma guerra de guerrilha naquelas matas do Leste do Teatro de Operações da Guiné. Sempre desarmado ia frequentemente às companhias do BCaç.2912 (Cancolim, Dulombi e Saltinho) em colunas auto acompanhado pelo 1º.Cabo Esteves, o sacristão do batalhão. Mais velho do que os milicianos era alegre, bondoso e estimado por todos. Várias ocasiões discordou com os Comandos pelas injustiças e graves erros destes. Alguns Oficiais Subalternos faziam partidas ao Capelão mas este ficava indiferente e por vezes sustentava as piadas e as inofensivas brincadeiras dos seus colegas de classe. Uma das partidas era saborear (eu bebi) o delicioso vinho da Missa quando encontrávamos uma garrafa já aberta…o Capelão estranhava a rápida evaporação do precioso néctar, recebido da Intendência, em Bissau, mas nada acontecia. O Padre João da Cruz Conceição viveu connosco desde o IAO, no Campo Militar de Santa Margarida, em Março de 1970 até ao dia 23 de Março de 1972 em Lisboa. Em 1975 encontrei-o, na Travessa de Cedofeita, no Porto. Recordamos pessoas, aventuras e desgraças do BCaç.2912.Despedimo-nos.Infelizmente pela última vez. Em 23-05-1994 escrevi para Alqueidão, Figueira da Foz, a convidá-lo para o nosso 1º Convívio, realizado em Paços de Ferreira (25-06-1994) mas a carta foi devolvida ao remetente e continua em meu poder em homenagem a um HOMEM que me ajudou. Era um autêntico frei Tomás, da Igreja Católica Romana, a exercer o Ministério Cristão com celebração diária de Missa, numa morança, dentro da população, e assistência de alguns militares e indígenas. O Padre Conceição regia-se pela Bíblia, os Islamitas (Fulas) pelo Alcorão… ambas religiões monoteístas… mas o Deus de cada um.
Querido e amigo Padre João Conceição descanse em paz.
Cumprimentos do António Tavares
Foz do Douro, 15 de Fevereiro de 2011

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

P216: DULOMBI - BAFATÁ (4.ª PARTE) - RICARDO LEMOS

Depois de passarmos a ponte sobre o rio Colufe, surgem-nos os arredores de Bafatá e o rio Geba, como querendo abraçar a bonita cidade da Guiné-Bissau. Rio repleto de emoções, pois, em cada viagem que se programava, eu levava sempre a minha cana de pesca e uma rede para apanhar peixes, e os deleitantes lagostins, camarões e caranguejos que nele pululavam e davam existência aos saborosos petiscos e mariscadas vendidos nas esplanadas e cafés da avenida principal, acompanhados pela cerveja fresquinha.
A Região de Bafatá fica situada no Leste da Guiné-Bissau, fazendo fronteira com as Regiões de Gabú, Oio, Quinara e Tombali. Tem uma superfície de 5.981 km2 e uma população estimada de 205.000 habitantes.
Os sectores que compõem a Região de Bafatá são:
-Bafatá
-Bambadinca
-Contubuel
-Galomaro/Cossé
-Ganadu
-Xitole
Bafatá, actualmente, é a segunda maior cidade da Guiné-Bissau, ficando a 150 km de Bissau. É uma cidade surpreendentemente tranquila, caracterizada por uma predominância de edifícios coloniais, infelizmente num estado avançado de degradação.
O seu clima é tropical sudanês, quente e seco, composto de duas estações, a da seca que vai de Novembro a Abril e a da chuva de Maio a Outubro, registando-se neste período precipitações anuais na ordem dos 1.400 mililitros por metro quadrado.
Foto, ano de 1971: as tabancas de Bafatá.
Foto, ano 1971: as tabancas de Bafatá
Foto, ano de 1971: avenida principal. Ao fundo, o rio Geba.
Foto, ano 2006: Bafatá actual. Visualizem e comparem.
Foto, ano de 1971: Avenida e a Rotunda de Bafatá.
Rotunda de Bafatá, que se vê ao longe, na imagem anterior. Tem no seu centro um monumento ao Islamismo.
Na imagem: convívio entre a “Ferrugem”. Eu e o "Estraga"(ano 1971).
As movimentadas ruas da cidade de Bafatá, e o seu comércio e artesãos, em 1971. Nas casas comerciais, cujos proprietários eram maioritariamente Libaneses, havia a possibilidade de comprar de tudo, desde motas a electrodomésticos, assim como os mais vistosos tapetes orientais, estatuetas e os mais belos tecidos multicolores.
Nos vários restaurantes espalhados um pouco por toda a área urbanizada, e nomeadamente na Avenida Principal que afluía no Geba, podia-se saborear bons pratos de bacalhau, deliciosos pombos bravos, marisco e enormes bifes ao cortador. Os cafés e esplanadas abarrotavam de soldados.
Alguém se lembra desta rua? (Foto de 1971)
Pelo aspecto, as obras eram uma constante.
Foto actual (2009). Avançado estado de degradação das ruas e edifícios…..
Está na hora do almoço. Ora vamos lá….
Foto de 1971.
Pensão Transmontana em Bafatá, na Rua Capitão Sousa Lage. A caminho do “bife suculento com batatas fritas”….
Continua depois do almoço…… (no próximo Post).

Ricardo Lemos

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

P215: XX CONVÍVIO DA COMPANHIA

Vamos realizar o nosso próximo encontro no dia 30 de Abril de 2011, pelas 13 Horas (Sábado).
Desta vez será na zona de ABRANTES (Cidade onde estava situado o RI2, Regimento pelo qual fomos mobilizados).
O restaurante onde nos vamos reunir chama-se “ QUINTA DO LAGO “ (http://www.santosemarcal.pt/conteudos/default.asp?ID=184) e fica localizado em Alferrarede, a 3kms de Abrantes (local aprazível e com imenso espaço tanto para estacionamento como para passeio na grande área jardinada)
O preço será de 24 Euros por adulto e inclui ;
• Buffet aberto (entradas )
• Almoço (Prato de Peixe + Prato de Carne)
• Buffet de sobremesas
• Bebidas
Confirma a tua participação com o número de pessoas que te acompanham até ao dia 10 de Abril 2011.
Podes tratar da tua confirmação através dos seguintes telefones;
96 6914799 - Leandro Gonçalves
96 2521167 – João Rico
Ou por correio electrónico através dos seguintes endereços;
lrgoncalves50@gmail.com
joaoprico@gmail.com
Organizadores
Gonçalves e Rico
Para te ajudar a chegar ao local por favor acede a: http://www.santosemarcal.pt/UserFiles/File/Geral/Mapa_QL.pdf

Nota: Para te manteres informado consulta o blog da C.CAÇ.2700: http://dulombi.blogspot.com
Participa no nosso blog enviando aquilo que considerares interessante para: fernandobarata@hotmail.com